quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Prisão de Desejo.




Na minha adolescência eu costumava escrever e desenhar bastante. Era um adolescente apaixonado. Viciado nessas endorfinas que o amor proporciona. Empolgado com a adrenalina... Ó Deus, doce adrenalina.  A dopamina que me tornou tão dependente. Todo aquela mistura química correndo pelo meu corpo como música erudita. A harmonia suave e então o Crescendo... a mágica. O que me levou ao conceito: "Amor é quando a química torna-se música."  

Foi nessa época que aprendi um monte de coisas e defini o tipo de homem que eu queria ser. Música, desenho, poema, poesia, filosofia, todas as idéias e tudo que formei até hoje, praticamente nasceu nessa época.  E as idéias não mudaram, mas tiveram que amadurecer. E por ter sido um período de tantas descobertas, algumas correntes ainda me mantêm preso àquilo tudo de uma maneira quase insana.

Foi nesse período que alguns dos meus defeitos mais irritantes apareceram. E um dos meus piores defeitos nasceu.Não, não é o sarcasmo. Nem o egocentrismo. É olhar pra ontem e me ver como um completo idiota. Amanhã olharei pra esse post e vou pensar: "Cara, que P@#$ é essa? Por que não escreve algo decente pra variar?". E é até um defeito bom porque me torna o meu maior crítico. E uma idéia amadurece.

Toda a vez que escrevia algo, mais cedo ou mais tarde, esse sentimento. E esses dias encontrei um texto meu, chama-se "Prisão de desejo - Parte 2". A parte 1 ficou em um caderno verde que sumiu misteriosamente. E infelizmente, eu não saberia reescrever, mas a parte 1 era até boa.

A abstinência de todas aquelas substâncias citadas no primeiro parágrafo foi causa desse texto incompleto:

"- Prisão de Desejo, parte II -

Cálida noite de desejo,
Foste tu que outrora a saudade dispersava
Com um simples lembrar do beijo;
E, agora, dilacera-me
Por não ter nesse frio leito
O corpo de minha amada.

Lembra-te, noite?
O doce gosto do silêncio de um toque
Este que precedia os gritos abafados pela música de morte;
Gritos calados, sons abafados
Pelo amor de secretos amantes.

És de tu que o sol foge
Tuas variações descontroladas
E é isso que te faz sagrado
Tuas cores inconstantes
Por muito chamaste amor de pecado
E levaste ao céu um ser como eu, não alado.
E me deixas agora aqui, sem tuas asas.

Crepúsculo maldito!
Por que não expulsas a vontade?
Cala meu grito!
Libertas este coração por tanto aflito
Das correntes da saudade..."

De fato está incompleto. E não me agrada como antes. No entanto, acho que esse é um daqueles que eu escondia mensagens e ninguém nunca viu.